O conformismo social estuda como a decisão do grupo influencia o individuo a ir contra seus valores éticos e crenças simplesmente porque existe a ideia no inconsciente que “o grupo sabe o que é melhor”
POR MARIA MARIANA CALLADO
Após o movimento Vida Além do Trabalho (VAT), criado pelo vereador recém-eleito Ricardo Azevedo (PSOL-RJ), ganhar notoriedade nas redes sociais e a deputada Erika Hilton (PSOL) apresentar a proposta de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para o fim da escala 6×1 e uma jornada de trabalho mais justa solicita que o Congresso Nacional altere a redução da carga horária presente na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a petição online já conta com mais de 2 milhões de assinaturas.
Traz a discussão de como as relações sociais e trabalhistas se ajustam às condições impostas pelo empregador ou pela cultura organizacional, ao longo dos anos, começou a crescer um movimento de questionamento sobre os efeitos negativos dessa jornada de trabalho para a saúde mental e física dos trabalhadores. Além disso, a busca por uma melhor qualidade de vida e a pressão por mais tempo para atividades pessoais, familiares e de lazer começou a desafiar essa norma. Dessa forma vemos como a conformidade social age indiretamente na vida da sociedade e influencia mudanças significativas na realidade dos trabalhadores.
O conformismo social estuda como a decisão do grupo influencia o individuo a ir contra seus valores éticos e crenças simplesmente porque existe a ideia no inconsciente que “o grupo sabe o que é melhor” essa área de estudo da psicologia social e comportamental mostra como agimos em conformidade com as regras porque aceitamos a sua legitimidade e porque a isso somos incentivados pela aprovação e recompensa obtidas das outras pessoas.
Contudo, a crescente conscientização sobre os impactos negativos desse modelo de jornada – como o estresse, o desgaste físico e mental, a falta de tempo para lazer e a diminuição da qualidade de vida – começou a gerar um movimento de contestação.
Também alimenta essa dinâmica: se a maioria dos trabalhadores ou trabalhadores aceita a jornada 6×1 como padrão, a pressão social para aderir a esse modelo se torna muito forte. Para muitos, é mais fácil seguir o fluxo do que questionar o sistema que, em princípio, parece justo, o que nos leva teoria da Crença no Mundo Justo (CMJ) proposta por Melvin Lerner como campo de pesquisa na psicologia social que pode ser social e pessoal sendo um desejo interno do indivíduo para que a justiça no mundo visto por “os bons são recompensados e os maus são punidos” a CMJ é usada também para identificar fenômenos sociais e sendo um mecanismo psicológico.
No contexto das relações de trabalho, essa crença no mundo justo pode ser vista na forma como muitos trabalhadores, durante anos, aceitaram jornadas de trabalho extenuantes e condições que não favoreceram seu bem-estar, acreditando que, de alguma forma, foram recompensados por seu esforço e dedicação.
Nesse processo, o que antes era visto como uma “justiça natural” – o trabalhador sacrificando seu tempo pessoal no prol da produção – começou a ser reinterpretado como uma forma de injustiça social. O reconhecimento de que jornadas mais equilibradas resultam em trabalhadores mais saudáveis e produtivos.
Portanto, o fim da escala 6×1 é um exemplo claro de como a conformidade social pode ser desafiada e reformulada e como a CMJ pode ser um fator para esse processo de mudança na sociedade, levando a uma nova compreensão de justiça no trabalho. A transformação das jornadas de trabalho reflete a evolução das cooperativas sobre o que é justo, saudável e necessário para um modelo de sociedade que valoriza a qualidade de vida. O movimento em direção a jornadas mais humanas e equilibradas é, assim, uma vitória da desconformidade social, que luta contra normas arcaicas e busca uma relação de trabalho mais justa e condizente com as necessidades contemporâneas dos indivíduos.
Mas isso só funciona em países desenvolvidos. No Brasil, pobre e subdesenvolvido, a conta vai ser alta e todo mundo vai te pagar porque o custo acaba sendo embutido nos valores de serviços e produtos, causando uma quebradeira no país e mais inflação. No final não passa de uma discussão eleitoral e populista. É a nova “picanha eleitoral”.
Maria Mariana Callado é graduanda em psicologia