7 de Setembro da esperança renascida

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Mas “este ano não foi igual aquele que passou..”

Num passado, inclusive recente, pais, avôs, homens, mulheres, crianças, pretos, brancos, católicos, protestantes, todos rumavam para esplanada dos ministérios comemorar a LIBERDADE conquistada com o grito da independência.

Na marcha daqueles soldados representando os guerreiros do passado, o povo assistia desfilar a história de seus pais e avôs que não hesitaram em lutar com o sacrifício da própria vida para nos oferecer o maior bem da vida que é a LIBERDADE.

Em reverência à coragem e destemor de nossos pais e avôs que escreveram as mais belas páginas da nossa história, o povo soltava o grito de orgulho de ser brasileiro.

Mas “este ano não foi igual aquele que passou..”

Não, este ano só tinha umas vinte mil pessoas lá, a imensa maioria militares e policiais, não mais para ajudar a multidão, mas para “proteger” as “otoridades”.

“Proteger” pasmem, do povo, hoje também apelidados de “terroristas”.

Os ventos apontam para a praça dos 3 poderes, como querendo respostas.

Nem precisava tanto aparato, porque o povo desobediente não foi, sabendo que ali tinha tudo, menos uma festa da liberdade.

Com um povo divorciado do “governo”, o sistema parece sitiado onde as “otoridades” acenam para a multidão que não estava lá e os seus ventríloquos (muito bem pagos pelos cofres públicos arrombados) “noticiam” o “sucesso” imaginário de uma Liberdade cassada.

É, não foi falta de aviso pois desde Machado de Assis, passando por Roberto da Mata, Darcy Ribeiro e tantos outros, existem 2 brasis, o do povo ordeiro, simples e trabalhador, e o oficial, caricato e burlesco.

Evitando participar de uma peça tosca e mal ajambrada onde não identificava seus ideais, alguns aproveitaram o tempo enquanto sua memória trazia a lembrança de “…num tempo, página infeliz da nossa história, passagem desbotada na memória das nossas novas gerações, dormia a nossa pátria mãe tão distraída sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações…”

É, o povo não foi para uma festa que lhe foi subtraída, mas ele sabe que “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, e aí ele cantará a plenos pulmões “…amanhã vai ser outro dia…hoje você é quem manda, falou tá falado, não tem discussão, não, a minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão, viu.

…Apesar de você amanhã há de ser outro dia, eu pergunto a você onde vai se esconder da enorme euforia, como vai proibir quando o galo insistir em cantar…

Quando chegar o momento, esse meu sofrimento vou cobrar com juros, juro.

…apesar de você amanhã há de ser outro dia, inda pago prá ver o jardim florescer qual você não queria, você vai se amargar vendo o dia raiar sem lhe pedir licença, e eu vou morrer de rir que esse dia há de vir antes do que você pensa…”

O trajeto é longo, a estrada tortuosa, mas o Joãozinho que é mais de 30 continua na passarela, bradando Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós “.

Aí a vila invade a avenida para dizer que: “É hora da verdade, a liberdade ainda não raiou, queremos o direito de igualdade, viver com dignidade não representa favor…a declaração universal não é um sonho, temos que fazer cumprir.

A justiça é cega, mas enxerga quando quer, já está na hora de assumir, sei que quem espera não alcança, mas a esperança não acabará”, para finalmente Emílio e Dalva, embalados pelos ventos da primavera, fecharem o espetáculo com chave de ouro, anunciando: “Vê estão voltando as flores, vê, nesta manhã tão linda, vê, como é bonita a vida, vê, há esperança ainda, vê, as nuvens vão passando, vê, o novo céu se abrindo, vê, o sol iluminando, por onde nós vamos indo.”

É, nós ousamos sonhar porque já enfrentamos e vencemos outras ditaduras cujas armas não eram canetas revestidas de fardas e togas, mas lâminas frias de baionetas.

Temos esperança porque o Brasil é muito maior que esses “plantonistas”, e logo resgatará sua vocação histórica de um povo livre, transformando o reinante e ensurdecedor silêncio dos cemitérios, fruto da utilização indevida da força do estado, num triunfo incontido da liberdade reconquistada.

Brasília, setembro de 2023.

Acilino de Almeida Neto
AlbertoJorge Ribeiro Leite
Amilton Figueiredo
André Gomes
Cristiano Caiado
Dulce Morais
Everardo Gueiros
Everardo Ribeiro
Fátima Bispo
Guilherme Pontes
Israel Pinheiro Torres
João Carlos Lóssio
Lisbeth Bastos
Mário Sérgio Ramos
Raimundo Ribeiro
Ricardo Callado
Ronaldo Cavalcanti
Ronan Ramirez
Sérgio Lisboa
Wandenes Nomelini
Cidadãos conscientes

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