OPINIÃO Derrubada no Vicente Pires é estranha e seletiva

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O Governo do Distrito Federal faz, desde a manhã de hoje, a terceira tentativa de derrubada de um condomínio no Vicente Pires. Quem mora na cidade não entendeu o que está acontecendo. A ação é estranha e seletiva.

Moradores protestam queimando pneus para tentar impedir a operação. Mas não conseguem evitar. O braço do Estado é mais forte. De acordo com a Subsecretaria da Ordem Pública e Social (Seops) e a Agefis, o objetivo é derrubar 25 casas construídas em terreno público na chácara 200 da rua 8.

É estranho porque o GDF alega que a área será destinada a construção de um posto de saúde e de escolas. Até dois meses atrás, Vicente Pires tinha uma unidade de saúde. Foi fechada pelo governo, sob protestos dos moradores.

O superintendente da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) para o DF, Sérgio Antônio Gonçalves, prometeu em abril deste ano a doação de área para a construção de um segundo posto de saúde na área.

Durante reunião com o deputado Chico Leite e o chefe de gabinete da Administração Regional do Vicente Pires, José Faustino de Paula, o superintendente da SPU, garantiu a destinação de áreas públicas restantes na região para construção de escolas, hospitais, delegacias e demais serviços públicos.

Ou seja, não haveria necessidade de derrubadas. E a alegação do GDF fica sem sentido. Ao mesmo tempo que não procurou na SPU um terreno para o posto de saúde, fechou o primeiro. E ainda deixa famílias sem casas.

Caso o GDF vá mesmo construir escolas, a ação é muito bem-vinda. E poderia usar as mesmas áreas públicas prometidas pela SPU. Por falta de dinheiro, o Palácio do Buriti não conseguiu reformar todas as escolas da rede pública. Nem no começo do ano, tampouco no recesso de julho. E também não conseguiu pagar o Cartão Material Escolar, dando um cano nos estudantes.

Se apareceu dinheiro agora para construir unidade de ensino no Vicente Pires, temos que comemorar. Significa que o GDF também vai reformar as quase 600 escolas nas férias do fim do ano.

É seletivo porque todo o Vicente Pires em fase de regularização. Tudo lá ainda é irregular. A insistência nesse condomínio específico é inexplicado. É uma área residencial igual as demais do bairro. Consolidada e em fase de legalização. E existe desde 2013. Com ligações legais da Caesb e da CEB.

Ninguém pode defender invasão ou ocupação irregular. Se o governo quiser proceder de forma correta, tem que limpar o Vicente Pires do mapa do Distrito Federal.

Outra sugestão: acabem com as invasões promovidas por mansões na orla do Lago Paranoá. Do contrário, todo o discurso de legalidade cai por terra. E o desgaste vai cair na conta do governador Rollemberg.

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