A fragmentação do grupo de oposição é um indicativo de que os Verdes carecem de um nome forte capaz de unificar a categoria
Na disputa pela presidência da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF), observa-se um cenário político que reflete uma divisão entre os candidatos de oposição. Esta fragmentação pode ser interpretada como um indicativo de que a oposição carece de um nome forte capaz de unificar a categoria e desafiar seriamente o favoritismo do candidato da atual diretoria, Paulo Maurício, conhecido popularmente como Poli.
Historicamente, quando muitas candidaturas emergem contra uma administração vigente, isso geralmente sugere que não há um consenso ou um líder capaz de canalizar o descontentamento geral em uma proposta coesiva.
Na OAB-DF, a presença de múltiplos candidatos de oposição pode na verdade beneficiar Poli, que representa a continuidade da gestão atual que muitos advogados consideram satisfatória. A máxima “em time que está ganhando não se mexe” parece ressoar com boa parte dos advogados do DF, que veem na atual administração a representatividade de seus anseios.
No campo da oposição, a situação se complica com a rivalidade interna e a dispersão de votos entre candidatos como Cleber Lopes e Everaldo Gueiros, do grupo denominado “Verdes”. A entrada de Cleber na corrida, particularmente, diluiu o apoio que poderia ter se consolidado em torno de Gueiros, potencialmente o adversário mais forte contra Poli. A frustração de Gueiros com seus antigos aliados é evidente, levando-o a manter sua candidatura independentemente da falta de apoio unificado.
Além desses dois, Cris Damasceno, ex-administradora de Taguatinga e também próxima ao grupo dos “Verdes”, entrou na disputa, aumentando ainda mais a fragmentação. Este trio de candidatos compartilha uma proximidade com o cenário político, um aspecto cada vez mais rejeitado pelos advogados que preferem uma OAB-DF autônoma e distante de influências partidárias, concentrando-se exclusivamente na defesa dos interesses da classe.
As pesquisas internas refletem uma clara preferência por uma entidade que mantenha sua independência, sem vinculações político-partidárias. Neste contexto, a única chance real de a oposição prevalecer seria através da unificação em torno da candidatura de Gueiros. No entanto, as divisões internas e a competição por espaço e poder dentro do próprio grupo oposto impedem essa consolidação, pavimentando quase que inevitavelmente o caminho para a reeleição de Paulo Maurício. A eleição na OAB-DF torna-se, assim, um espelho de um jogo de vaidades e egos à política associativa e à gestão de consensos em um ambiente tão diversificado e competitivo.