Educadores e psicólogos ressaltam impactos positivos do reconhecimento da língua de sinais

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A data representa um marco na história da comunidade surda, fortalecendo debates sobre educação bilíngue, acessibilidade e identidade

O Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras), celebrado em 24 de abril, marca um momento importante de valorização da Libras como meio legal de comunicação e expressão no Brasil, conforme estabelecido pela Lei nº 10.436/2002. A data representa um marco na história da comunidade surda, fortalecendo debates sobre educação bilíngue, acessibilidade e identidade.

Especialistas das áreas da educação e da psicologia destacam a importância da data tanto para a construção de políticas inclusivas quanto para o desenvolvimento pessoal e social de pessoas surdas em diferentes contextos.

Educação: compromisso com a diferença linguística e cultural

O professor Fabricio Abreu, pedagogo, mestre em Psicologia, doutor em Educação e pós-doutor em Psicologia, atualmente docente da Estácio Brasília, ressalta que o Dia Nacional da Libras está vinculado à agenda de luta da comunidade surda e é uma oportunidade para ampliar a conscientização:

“Trata-se de uma data, vinculada à agenda de luta da comunidade surda, que celebra a língua de sinais enquanto forma comunicativa e expressão legítima. Não se trata de uma data festiva apenas, mas uma marcação de um movimento de luta pela difusão da língua de sinais enquanto língua oficial e natural da comunidade surda.”

Sobre a educação de alunos surdos, o professor reforça a importância de práticas pedagógicas baseadas na educação bilíngue:

“As práticas pedagógicas destinadas aos surdos devem refletir o compromisso com a educação inclusiva e bilíngue, com base no respeito à diferença linguística e cultural da comunidade surda. A Libras deve ser entendida como primeira língua e o português escrito como segunda.”

Ele também destaca o papel das tecnologias como aliadas da inclusão:
“O VLibras, por exemplo, é uma ferramenta tecnológica fundamental para promover a acessibilidade linguística da comunidade surda no Brasil, especialmente no contexto da educação bilíngue e da inclusão digital.”

Psicologia: linguagem como base para o desenvolvimento e pertencimento

O professor Wysllen Thayelwisk Custódio Ferreira, psicólogo, mestrando em Educação, professor de Psicologia da Estácio e intérprete de Libras, reforça a importância da linguagem para o desenvolvimento de qualquer criança, especialmente as surdas:
“O desenvolvimento cognitivo de qualquer criança está profundamente ligado ao acesso à linguagem desde os primeiros meses de vida. Para crianças surdas, se esse acesso não for garantido, o desenvolvimento cognitivo pode ser prejudicado.”

Ele ressalta ainda que o acesso precoce à Libras promove não apenas um melhor desempenho, mas também maior autoestima, identidade e sentimento de pertencimento:
“O Dia Nacional da Libras continua sendo necessário para a promoção de processos educativos, conscientização, fortalecimento da comunidade surda e apoio social. Ainda precisamos de muitos avanços nos processos de acessibilidade à saúde, educação e lazer.”

Inclusão como direito e prática diária

O reconhecimento da Libras e a valorização de datas como o 24 de abril são passos importantes para garantir uma sociedade mais justa, inclusiva e diversa, onde a comunicação, o respeito às diferenças e o acesso pleno aos direitos sejam uma realidade para todos.

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