- O escândalo do mensalão, tornado público em meados de 2005 com a entrevista bombástica do deputado Roberto Jefferson à Folha de SP, levou 5 anos até a condenação dos responsáveis. Na medida em que não se esclarecia o papel do presidente Lula, que Jefferson o inocentava, e que a eleição presidencial ocorreu logo no ano seguinte, o mensalão só veio a gerar impacto de opinião pública com os julgamentos televisivos pelo STF no último ano do governo Lula.
- A impulsão da economia, estimulada por medidas populistas fiscais e cambiais, suavizou as responsabilidades do governo do PT. A enorme popularidade de Lula abriu o caminho para ele “escolher” a nova presidente e obter uma vitória tranquila no segundo turno.
- O relator no STF, ministro Joaquim Barbosa, entendeu que os crimes eram conexos e levou para o julgamento, no STF, políticos, empresários e executivos, independentemente de terem ou não imunidade. Ao que se soube, apenas um dos envolvidos teria optado pelo recurso da delação premiada, o doleiro Lúcio Funaro e, com isso, escapado da condenação e dos holofotes.
- Agora o processo é muito diferente. São dezenas que optaram pela delação premiada. Os envolvidos no setor privado alcançam as elites empresariais e, com isso, sistemas de defesa muito mais sofisticados.
- O juiz Sérgio Moro chamou a ele todos aqueles que não têm imunidade parlamentar, sejam políticos, ou -obviamente- empresários, executivos, doleiro e agentes privados diversos. Esse é um processo de longa duração, pois as delações precisam ser comprovadas para que os políticos com imunidade possam ser condenados pelo STF.
- Todos os julgamentos realizados pelo juiz Sérgio Moro, ou na primeira instância, subirão para as Câmaras no TJ e depois para o STJ.
- Na medida em que as provas em relação a políticos com imunidade parlamentar sejam oferecidas e o procurador geral da República faça a denúncia ao STF, se iniciam os processos de investigação e de defesa dos denunciados.
- Se o mensalão culminou em 5 anos, certamente o petrolão deverá levar no mínimo oito anos. No caso específico dos políticos com imunidade poderiam se repetir os prazos do mensalão, ou cinco anos.
- Tomando como base o mês de março de 2014, quando o Lava Jato começou, estaríamos falando de 2019 para políticos com imunidade e 2022 para os demais. Com isso, a campanha presidencial de 2018 correria sob o signo do risco da antipolítica e, assim, a imprevisibilidade política teria curso.
- Se é fato o que muitos analistas garantem, que a crise econômica passou a estar estreitamente vinculada à crise política, a conjuntura atual se arrastaria junto com sua imprevisibilidade pelo menos até os desdobramentos das eleições de 2018.
Por César Maia