Metástase cerebral: entenda o tumor que matou Glória Maria

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Neurologista explica detalhes sobre o avanço da doença e a importância dos exames de rotina 

Glória Maria, um dos maiores ícones do jornalismo brasileiro, morreu nesta quinta-feira, 2 de fevereiro, devido a um quadro de câncer de pulmão que resultou em metástases para o cérebro. Em 2019 foi diagnosticada com a doença e iniciou o tratamento. Mas no mesmo ano, a jornalista descobriu que o câncer teve metástase na região cerebral.

Com a realização de uma cirurgia bem sucedida, Glória manteve o tratamento com imunoterapia e radioterapia para evitar que o câncer retornasse. Mas em 2022, novas metástases foram observadas no cérebro da jornalista e o tratamento foi retomado, mas o corpo não respondeu da mesma forma que antes.

A neurologista Jane Lúcia Machado, do Hospital Anchieta de Brasília, explica que no cérebro existem vários tipos de células, como neurônios, células epiteliais, meníngeas e células glandulares. De acordo com a médica, o câncer primário cerebral depende de qual tipo celular que sofreu diferenciação e se tornou um tumor primário.

“Porém, existem cânceres de outros órgãos, à exemplo dos pulmonares, em que as células migram de seus lugares de origem através da corrente sanguínea e se instalam em outros órgãos e no caso da jornalista Glória Maria, no cérebro. Ali, tais células se multiplicam, formando um tumor chamado metástase ou neoplasia secundária”, afirma Jane.

A especialista explica ainda que muitas vezes, o tumor tanto primário quanto secundário é silencioso, e o diagnóstico só é realizado quando o câncer já está muito avançado e o paciente, em situação extrema. Mas ela conta que ainda assim é possível ter um diagnóstico precoce.

“O diagnóstico pode ser feito logo no início, quando o tumor produz sintomas ou sinais precoces , à exemplo de cefaléia, déficit neurológico, crises convulsivas, alterações cognitivas agudas ou até manifestações psiquiátricas de instalação inesperada. Neste momento, o médico solicita exames de imagem após uma boa anamnese e exame físico”, conta a especialista.

A relação entre o pulmão e o cérebro

As metástases cerebrais são os cânceres cerebrais mais comuns nos adultos. O câncer de pulmão é o maior responsável por invadir o cérebro, seguido dos cânceres de mama. Os pacientes com esse tipo de invasão cerebral por neoplasias à distância apresentam alta mortalidade e, se não tratados, a sobrevida é de 12 a 24 meses.

“O caso da nossa querida jornalista Glória Maria , que acaba de falecer e que nos entristece, traz mais uma luz sobre a necessidade de exames clínicos de rotina, pois, nesse escopo, um tumor pulmonar pode ser identificado precocemente e bem antes de sofrer invasão para outros órgãos. Com isso, é possível um tratamento precoce e adequado para a conquista da cura”, conclui a especialista.

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